quarta-feira, 2 de novembro de 2011

BUNK 20 – PRÊMIO DE RISCO DE AÇÕES – PREVENDO RETORNOS FUTUROS COM FACILIDADE

BUNK 20 – PRÊMIO DE RISCO DE AÇÕES – PREVENDO RETORNOS FUTUROS COM FACILIDADE


Quem nunca recebeu boletins de recomendação de ações do setor de análise dos Bancos ou agentes financeiros? A maioria já recebeu - pelo menos, a maioria que aplica seu dinheiro no mercado financeiro.

Como se fosse possível, eles continuam fazendo previsões a respeito do retorno do mercado de ações. Keneth Fisher aponta sobre isso no seu livro Debunkery (Desmistificação). Abaixo tento traduzir/resumir o que o Autor escreve sobre o assunto.
Aí vai:

Você gostaria de saber onde as ações estariam daqui a 10 anos? Eu também. Mas eu acho que não é possível. Mesmo assim, as pessoas tentam. Há uma noção na academia sobre Prêmio de Risco de Ações. O Prêmio de Risco de ações é, literalmente, o prêmio que você tem expressado como um percentual sobre algo que supostamente é livre de risco – como os Títulos do Governo Americano de 10 anos (Treasuries) – do de possuir ações. Algumas pessoas usam os juros de curto prazo (T-Bills). De qualquer forma – alguns conceitos básicos.

E não há nada de errado com isso! É verdade – a maioria dos investidores freqüentemente são recompensados no longo prazo por tomarem riscos de volatilidade extras (fazendo correto). Desde 1926, a média anualizada do Prêmio de Risco de Ações (usando Treasuries de 10 anos) tem sido 4,4 por cento – Treasuries tem obtido retorno anualizado de 5,3 por cento, e o S&P500 de 9,7 por cento – uma enorme diferença! E teoricamente os investidores deveriam ser recompensados por sofrer com as oscilações com o mercado de ações. (Embora, eles odeiem volatilidade. E, quanto maior a volatilidade, mais eles odeiam, quando racionalmente eles deveriam amá-la, pois, no longo prazo, geralmente, são pagos por isso com generosidade). Se você não está suscetível a ter altos retornos por tomar altos riscos, porque alguém iria querer alto risco – seja ele medido pela volatilidade ou de qualquer outra forma?

O problema com o modelo de Prêmio de Risco de Ações é que alguns acadêmicos tentam modelar o futuro – prevendo o retorno futuro das ações. Besteira. Eu nunca vi nenhum desses modelos apresentarem alguma verificação de dados do passado para predizer o futuro. Nenhum. Ainda, todo ano, nós temos uma nova onde deles.

OFERTA FUTURA NO LONGO-PRAZO

Quando eu digo futuro, significa que a maioria desses modelos tentam prever dentro de um futuro distante – normalmente 7 até 10 anos (10 anos é mais comum). Ainda, você sabe que o retorno de ações no curto-prazo – para os próximos 12-24 meses – são guiados principalmente por mudanças na demanda. E mesmo esses são diabolicamente difíceis de prever. E no longo prazo, a OFERTA muda tudo. E não há absolutamente nenhuma forma – NENHUMA – para prever a direção do mercado de ações nos próximos 7 ou 10 anos afora, a menos que você possa, de algum modo, prever mudanças na OFERTA de ações. Ainda, eu nunca vi alguém sequer tentar isso, assim eu posso tentar sondar uma forma de eu mesmo fazê-lo. (Apesar de talvez algum dia alguém poder fazer - e então o futuro do modelo de prêmio de risco de ações ser possível). Mas nenhum único modelo que eu tenho visto apontou o problema de predizer os fluxos de longo-prazo da OFERTA. E se você não pode apontar a OFERTA futura, seu modelo não tem valor. Porque no longo-prazo dos valores mobiliários, OFERTA é tudo que importa.

Em vez disso, a maioria dos modelos (de Premio de Risco de ações) faz prospectivas baseadas nas condições correntes ou passadas. Exceto, se de imediato você saiba que não possa fazer previsões para 10 anos baseando-se em condições passadas ou correntes. Performance passada nunca é, por si mesma, indicativa de resultados futuros.

Ainda assim, nenhum desses modelos mostra verificações em dados passados. Um cientista iria dizer que você precisa fazer testes históricos – pegando múltiplos períodos do passado e inserindo dados históricos nos modelos. Minha opinião é de que todos esses modelos de previsão são uma falácia, nada mais.

Os acadêmicos produzem esses modelos, para promovê-los na mídia e mundo afora – porque eles soam quantitativos, acadêmicos, sofisticados e rigorosos! “Sabedoria” de wall street das mais finas. Próximo do que eu possa dizer que são “sofisticações” que tem machucado mais investidores do que as bolhas.

Esses modelos de previsão quase nunca estão certos. Talvez acadêmicos se mostrem evidentemente “otimistas” ou “pessimistas” ou são indecorosos – não profissionais. Mas isso também corre contrario a evidência empírica. Historicamente as ações sobem mais do que caem. Historicamente ações vão muito melhor comparadas com dinheiro ou títulos (cash ou bonds), mas, por caminhos muito variados. Essa é a verdade. Isso é difícil de entrar na cabeça da maioria das pessoas.

Thobias Zamboni
Economista
Corecon 7752