terça-feira, 25 de outubro de 2011

A ANTIQUADA MEDIDA DE RISCO “BETA”

A ANTIQUADA MEDIDA DE RISCO “BETA”


Na abordagem do mercado financeiro BETA é representado por um número, que significa a relação do retorno de uma ação ou portfólio com o seu mercado como um todo – é a comparação da variação de seu portfólio ou ação com um índice de mercado, por exemplo, Ibovespa, S&P500.

Ou seja, se um índice como Ibovespa varia 1% e a sua carteira ou ação varia 2%, significa que a sua carteira ou ação é mais volátil, portanto, teoricamente com mais risco do que o índice em comparação.

Se o BETA é > do que 1.0 a ação ou portfólio é mais volátil (teoricamente com mais risco) do que o mercado como um todo. E se a ação tem um BETA < do que 1.0 significa que a ação tem uma volatilidade menor do que o mercado como um todo ou índice em comparação.

Contudo, O Autor Ken Fisher tem uma visão contraria aos acadêmicos, que entendem o Beta da forma resumida acima. Eu tentarei resumir e traduzir o que pensa o Autor, que aborda o assunto em seu livro Debunkery. Aí vamos nós:

Ações são ariscadas. É fato. Mas para ter retorno você precisa tomar risco – o qual muitas pessoas sentem como volatilidade. Volatilidade não é confortável no curto prazo para maioria das pessoas, e também é muito imprevisível – Isso faz com que a Arte de Investir seja ainda mais difícil do que poderia ser. Faz muitos ficarem mentalmente – pura e simplesmente loucos.

Porque as pessoas estão inclinadas a gostar de ordem, nós gostamos de poder mensurar.
Pegue o BETA, por exemplo – o conceito acadêmico, amplamente aceito através da mídia e cultura de investimento, que o afirma como medida de risco para investimentos. Deixe-o fora e o mantenha-o lá. Ele é inútil. Não – menos do que inútil.

As pessoas (particularmente acadêmicos que impuseram o beta para nós) que fizeram com que achássemos o beta uma medida de risco. Na realidade ele não é – ele mede o risco anterior. Ele mediu o risco – no passado! Ele não mede nada sobre o presente ou o futuro. Beta sozinho é simplesmente um calculo exato. O beta de uma ação é um numero que representa a sua volatilidade passada em relação ao mercado como um todo no passado, sobre um período especifico. Quanto maior a volatilidade de uma ação no passado, maior é o seu beta. Se uma ação se move perfeitamente em linha com o mercado (um índice, por exemplo), seu beta é 1.0. Abaixo disso, foi menos volátil que o mercado, acima, mais volátil e assim por diante. Meramente simples.


Desempenho Passado nunca Indica Resultados Futuros

Primeiramente academicos presumiram, contrario a séculos de senso comum e sem nenhum parecer razoável, que se uma ação foi mais volátil do que o mercado, será, todavia, mais ariscada no futuro. O mundo acadêmico, portanto, proclama o BETA como uma medida de risco das ações. Enquanto não há atualmente evidencia disso, desde o início, muitos investidores acreditavam que o BETA refletia os riscos futuros, apesar de, ouvir e saber que o desempenho do passado não é indicativo de resultados futuros.

A crença no Beta tem feito as pessoas fazerem todas as formas de imbecilidade. Mulherzinhas querem sempre ações e portfólios com um Beta baixo. Deixa me dar-lhe um simples exemplo dessa tolice (uma vez eu escrevi sobre isso no meu segundo ano como colunista na Forbes em Junho de 1986). Pegue uma ação de beta baixo que tenha caído 90% em dois anos. O BETA irá ultrapassar o telhado de tão alto. Então pergunto: agora o risco está mais alto ou mais baixo do que antes da queda? Bem, o risco não poderia ser mais alto em uma base racional, porém, o beta diz que é. Então se você acreditasse no beta, teria acreditado que uma vez, a empresa da hora dos cosméticos, a AVON estava com um risco relativamente baixo, com um beta de 0.9 ao preço de US$ 120 em 1973 – mas com um alto risco no ano seguinte ao preço de US$ 19 depois de ter uma queda de 85 por cento - com um Beta de 1.3.

Intuitivamente, o risco para AVON como uma ação individual deveria ser mais alto a US$ 120 em 1973 – antes da monstruosa queda da ação – do que a US$ 19 em 1974. Comprar depois de qualquer grande queda do mercado relativa significa comprar um beta maior (maior volatilidade), porém, é uma forma tradicional de olhar baixo risco como barganhas para o futuro.

Outra forma que deixa a cabeça das pessoas histéricas: Aqueles que acreditam que mais risco significa mais retorno (de certa forma estão certas) têm comprado dentro da noção popular de que a única forma de bater o mercado é tomando mais riscos com ações de betas maiores – mas então eles estragam tudo, usando o beta como uma ferramenta de triagem. Porque o beta é puramente um fenômeno que olha para trás e não é indicação de onde o mercado está indo adiante, e comprando um grupo de ações de beta mais alto não dá a você uma abordagem de baixo risco retorno. Isso é como dirigir enquanto você esta olhando para o espelho retrovisor. Está destinado a ter problemas.

Aqui vai alguma ironia. Acadêmicos entendem que as ações não são serialmente correlacionadas. Isso é o que diz a estatística – o movimento do preço sozinho simplesmente não diz nada a você sobre o futuro que possa ser uma vantagem. Estudos após estudos mostram que é assim. Acadêmicos ainda prematuramente acreditam na noção de que volatilidade passada (a qual é baseada somente na movimentação de preço – a qual eles sabem que não são serialmente correlacionadas por definição) é algo útil. Que erro!

CATEGORIAS QUE CAEM MAIS SE RECUPERAM PRIMEIRO

Pense isto de outra maneira – e de uma forma que possa ser estatisticamente medida e acontecer em torno de todos fundos de mercados de baixa: Se você pudesse prever perfeitamente um mercado de baixa (o qual você não pode, mas isto ajuda ilustrar que o Beta é tolo) e invista mais pesadamente em categorias que irão performar melhor nos próximos 6 ou 12 meses – você iria querer? É claro! Mas você não poderia se você usasse o Beta para gerenciar o risco. Deixe-me mostrar a você. Primeiro: Depois da queda, dai pra frente, o risco total, por definição, é realmente menor (é claro, novamente, nós não sabemos com certeza quando vai acontecer).
Você também sabe que mercados de baixa acabam e mercado de alta começam em um V. Quanto maior é a queda do mercado de baixa no seu “final”, maior e mais rápido é o salto de recuperação inicial do fundo – o qual faz parte de que prever o fundo dos mercados de baixa é tão complicado.....

Mas então surgem outras características comuns dos fundos em mercados de baixa – um deles não está amplamente entendido, mas a minha empresa demonstrou muito tempo atrás estatisticamente em toda extensão da historia dos mercados de baixa.

Aquelas categorias que se sustentam melhor do que o mercado durante o inicio do mercado de baixa, então caem mais no retorno de um mercado de baixa (fazendo eles terem beta alto) recuperando rapidamente num estagio mais cedo de um novo mercado de alta. Ou seja, o setor que cai mais no Fundo de mercado, então, na realidade, tem a recuperação mais rápida pós fundo.

Resume-se que aquelas categorias que tiveram os melhores retornos depois do fundo, tinham o maior beta no Fundo (parte mais baixa da queda). Eles tiveram mais volatilidade no fundo e mais volatilidade do que o mercado no novo Bull market (mercado de alta)! Mas, da forma que o nosso cérebro funciona, nos tendemos a pensar: Quando esta em queda esta volátil e quando esta pra cima esta bom! Então se você estava usando o beta para gerenciar o risco e queria evitar o risco de betas altos de ações, você perdeu a categoria que performou melhor.

Não tome isso como significado de que um alto beta de ação ou categoria irá sempre ter um retorno melhor no futuro. Não. Somente significa que ele foi medido pelo beta para ser mais ariscado do que o mercado no seu fundo de mercado de baixa olhando para trás. CAIU mais. Isso não diz nada sobre ser mais ariscado daí para frente. Às vezes, em alguns mercados, ações que ficam bem defasadas do mercado (tinham beta alto) voltam e se tornam ações de betas baixos mais tarde. Ou ações voando em alta (também com alto beta) caem por terra e ficam estagnadas. Beta é ilustrativo de como uma ação tem sido – não como ira ser. Tentando gerenciar o risco ou aumentar a perfomance através do beta sozinho é uma missão para tolos. Beta não mede o risco, ele MEDIU o risco – e investidores deveriam sempre olhar para frente, não para trás.



*Tradução não oficial.


Thobias Zamboni
Economista
CORECON nº 7752